Caco(s) de vidro

Cacos de vidro
na cama, no chão
cacos de vidro
na palma da mão

Levei aos olhos
cacos de vidro
sem enxergar,
cacos de vidro,
fui me encontrar
em corpo, cortei
meu nariz, fiquei
sem fôlego

A caminhar com
cacos de vidro
tomei rios de
sangue ao cortar
minha boca,
já não podia
nem queria
falar da poça
que aos poucos surgia

Continuei com
cacos de vidro
desci à garganta,
cacos de vidro,
ajudei com mais
esse leve corte,
o rio a fluir

Um rio de sangue,
eu sou assim
uma arma letal
pra mim mesma

Busquei o seio na
esperança de que
nele encontrasse
ainda leite ou
qualquer líquido
que fosse antídoto
para o meu caco de vidro
o peito secou, rasgou

Pelo caco de vidro
eu já não tinha nem
força para chorar de dor,
minha alma se afogou
naquilo deforme que restou

Cacos de vidro
no meu ventre
um Caco morou
na minha barriga
agora não existia
nem uma vida que
outro dia me chutou

Caco de vidro
não se tornou copo
não vigorou
Caco de vidro
foi o que vi
quando o processo
terminou

E hoje me flagelo
com cacos de vidro
porque já não me tem
graça a vida
que nem nascida
caco de vidro virou

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