Que diabos importe os meus poemas,
que já não se fazem escorridos de tinta,
que já não maculam papel, sujando minhas mãos,
feridas da pressa escorregadia
Daquele que diz o que queria com a mente,
como se verbalizasse, como se declarasse
pela oralidade corriqueira e ágil,
o que não é fácil manter permanente
Que por deuses minúsculos esta agonia
de saber que a arte, de vez em quando,
não tem importância nenhuma, só serve;
ela só presta, para descarregar a adrenalina
que a palavra conduzia, ansiedade sufocante
Eu não sei quem vai me entender,
mas também não me importa saber,
se tudo que aqui caiu, caiu porque quis,
eu nem sei sequer o que eu digo, fico perdido
tentando me fazer compreender
Mas eu acho que há quem me saiba ler,
cuidadosamente, perceba que o que não digo
é o que está explícito, sem mesmo expor
Sei que você também se perde nas suas alucinações,
a literatura é apenas essa persona, essa criatura
que ganha vida própria, que respira, e implora
mais um segundo de reviravoltas
sem sentido
Sendo grave, aceno agudo