O apanhador de conchas

Ele anda sem rumo,
mas parece saber por onde ir,
o caminho pode até ser escuro,
mas o trajeto é parte de si

Caminha, antes de tudo,
primeiro por dentro,
menino do interior,
viaja em seu íntimo,
um passo é ínfimo,
precisa de luz

Mantem leve gracejo no rosto,
sorriso que dilui, sabe que,
apesar de tudo, um desejo o conduz

Coleciona ainda a brincadeira de criança
que um dia eu também fui….
Hoje, um quase adulto, também apanha,
uma dor que não flui…

Mesmo que sob o sol apronte,
aponte uma nova companhia,
guarda na caixa o presente
que a natureza fez, um dia…

Primeiro leva à mão,
delicadeza quebrante,
maneja num instante
a preciosidade, à luz

Veja só que alegria
esse dia que vai…
É manhã, tarde, à noite
é falta de sorte?

Melancolia que acolhe,
a graça que socorre,
um recomeço sufoque
e aguarde

A sutileza que comove,
resiste por muito tempo,
adereço tão pequeno,
como você, meu pequeno,
enfeita, mas não distorce

Que se assim tentar, quebra,
mas, sabendo cuidar, quem dera…
Uma porção de carinho
apanha devagarinho

Não fica concha sobre concha
igual criança depois da buscativa,
alegre pela acolhida, sorriso que descobre
quando não queria um dia sequer saber de conchas do mar

Agora ri,
agora ama,
agora rimar…

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