Indolor

Investida
insistente
do amor

Não sacia a sede
e não, não cede
às regalias

Inibida
não sou mais,
falo de desejo

Daquilo que desejo,
disperto e incendeio
por baixo dos meus devaneios

Sou confusa, mas competente
tenho a alma leve sem pressa,
nada me impede o ardor

Confesso o dissabor
do amargo fato, afago
que não vingou

Vingativa
investida
insistente

Aquela que sente,
mas comporta,
comporta-se
como se nada ocorresse

Cede ao que vigorou,
o desejo transbordado,
quase irado, idolor

Comparsa do poema

Mais feliz
pela poesia
devolvida

Cara é a contrapartida
pede, agita, palavra;
bendita, mas exigente

Mais tarde
requinte
a quinta parte
de um apetite

Sabor repartido,
verso quebrado,
mas não divido

Mais feliz,
feito de energia,
palavra que rasga na medida
a vida

Mais cedo eu disse exigente
hoje, mais tarde,
não domino nem dominado,
fui recompensado