Voltei a respirar poesia,
a transpirar poesia,
a beber poesia,
a arrepiar poesia
Voltei a ouvir poesia,
a falar poesia,
a sentir poesia,
a ver poesia com a alma
Poesia que percorre o corpo,
delira a carne, a cama,
sem hesitar, excita, poesia
Poesia que invade tudo,
que inebria, que aciona o plexo secreto da vida
e caminha na libido, inibida, ou não
Poesia que atravessa a a filosofia, a psicologia,
que atravessa a literatura, os signos
– até os do zodíaco –
poesia de libra que não tem limites
Poesia que passa por todas as teorias humanas,
que reencarna, sem deixar o ceticismo,
que conhece o céu sem deixar o inferno
Poesia do ocultismo, que conhece o princípio da criação
poesia do homem, que responde a tríade da indagação
quem eu sou, por que sou e onde vou…
poesia da criação do termo tempo
que fugiu de mim, poesia pelas mãos…
Poesia, que sem controle, uma vez perdida,
vira nova poesia, descontrolada, na primeira versão fugitiva,
tinha outros versos que a mente não registra mais,
sinais de que o mundo das ideias, às vezes,
revela o que está por vir – sem querer –
Poesia que desgoverna todos os pensamentos,
em momentos, o ápice do movimento
que une: corpo, mente e universo,
no complexo único momento de ser pleno…