Eu não tenho tempo de falar de coisas tristes,
porque a minha ocupação é com o outro,
não tenho tempo para falar de sofrimento,
porque a minha finitude me lembra diariamente
o quanto eu ainda devo manter a mão estendida.
A grandeza da vida não está no quanto eu posso carregar de dor,
mas, quantos sorrisos eu sou capaz de abrir, tendo eu, tudo que preciso.
Uma luta ou outra – para alguns – é tarefa árdua, um peso a mais,
mas, pra quem faz disso a oportunidade, trata-se de crescimento, aprendizado.
Os fardos e os fartos do Eu, ditos em poema não amenizam coisa alguma,
mas, tornam a vida mais simples, mais bela, mais oportuna.
O poema, o ritmo, a rima, a palavra cadenciada,
tem o mesmo fardo da prosa, tão pesada, tão penúria.
Eu peço renúncia do peso da batalha,
eu peço renúncia da dor aguda,
eu peço renúncia da primeira lágrima,
eu peço, renúncia.
De tudo o que me cansa,
de tudo o que me causa gastura,
de tudo o que eu quero de fato,
eu peço renúncia.
Deixo para a vida o cuidado,
o toque do belo,
deixo para a vida o zelo,
o que for abençoado,
nessa vida tão simples, e tão singela,
eu quero o básico, o extremo necessário,
a catarse da quimera.