Solzinho

É meu pequeno príncipe,
minha história infantil preferida,
meu amigo, minha companhia,
meu sincero verso, tão sutil,
tão singelo, meu guerreiro,
combatente, com você sou mais gente,
meu cuidado mais próximo, meu presente,
meu pensamento distante e próximo,
meu elo com a vida, sem solidão.
É meu sorriso mais simples,
meu brinde de fim de dia,
é minha primeira alegria na manhã,
minha ligação de cuidado,
é meu contato, meu comparsa preferido,
é meu abraço, meu abrigo, meu imprevisto,
é meu desejo mutável, meu fardo favorito,
é minha emoção, meu pequeno botão,
meu bordão, meu coração que bate feliz,
é tanto, o meu tudo, meu eco profundo,
meu viaduto para atravessar o escuro,
é passado tão recente, repito, meu presente,
enquanto eu tiver vida, meu futuro,
o amor causa esse impulso, tão parte de mim,
que me sinto seguro, mesmo tão instável,
é o meu silêncio imediato para não chorar no poema,
que diz tanto, na eternidade, sempre seu, sempre metade do Tavares

*Para Hiago Tavares

Eletrônico

Quando escrevo, ainda que de forma eletrônica,
é espontânea a forma como o pulso se curva,
de certa maneira, ainda sinto o peso da caneta,
na assinatura digital

O cheiro de tinta não me inebria mais,
assim como o pó de giz não me suja mais,
nem os pequenos estalos da máquina de escrever,
com suas tantas garras a bater no papel

Eu ainda tenho o mesmo agito de outros tempos,
sinto o velho que mora aqui dentro se manifestando,
em tão profundos sentimentos que as palavras carregam,
mesmo nos versos simples, corriqueiros

A palavra é um pequeno instrumento,
ela carrega muito mais do que está posto,
meu sentimento é segredo exposto
para quem sabe ler, ler as entrelinhas,
os versos, o que está por dentro,
colocado, agora, para fora,
não importa com qual meio,
estou aqui por inteiro