Claustrofobia da alma

Ando mas não saio do lugar,
pisco mas não vejo,
como mas ainda sinto fome.

Sofro e não aprendo,
durmo e ainda tenho sono.
Me calo mas me escuto.

Eu choro e lágrimas não caem
e falo mas palavras não saem
e xingo mas ninguém afeto.

Me corto e não sinto dor,
é verão e os termômetros
marcam quarenta,
mas não sinto calor.

Sou um ser sem sinais vitais
perdido entre dois mundos,
um do qual não vivo
porque nada sinto nele.

O outro, onde
sou claustrofóbico,
perdido e confuso
no fundo da minha
alma patética,
moribundo.