Sem medida

Já rebaixei amores à amizade,
e elevei amizades ao amor,
tudo bem se me enganei,
inverti os sentimentos,
mas não os inventei, nunca!

Não importa se me mostrei
forte ao forte,
fraco a quem era mais ainda, fraco

Sendo franco, não me arrependo
de nenhum ato prematuro,
nem de ser ultrajado de imaturo

Coração maduro vira pedra,
não pulsa, está sem vida,
enrijecido pela agonia

O equilíbrio da balança
não é perfeito em minúcias,
o simples vento que sopra
tem seu peso, atrapalha

Espalha certo desconforto
confronto de um todo
sem medida

Óculos

Para Flávia Marques, colega de classe do curso de Licenciatura em Letras/Literaturas do Instituto Federal Fluminense, primeiro semestre.

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Há em mim uma semente
germinando latente
querendo você

Há em mim qualquer
tentativa de acolhida
corrida das palavras…

Em versos arrumadas,
sem querer parecerem vagas,
oh, ou, pobres-coitadas!

Na palma da mão, o beijo;
Da delicadeza do desejo
de quem ainda cumprimenta
damas da realeza…

Ainda que você não se dê conta
– tem que se dar conta –
da sua beleza!

E não recorra a nenhum conto,
nem mascare seus desencantos
com maestria, que mesmo assim
eu lhe respondo sem falsa companhia

Mesmo que você se finja de ponto,
vou fazer de você mais outros dois pontos
sem querer explicar nada, contínuos

Continuo contigo propondo
enquanto você se vê finalizando,
eu, apenas reconheço recomeços,
voos longos sem máscaras à aparência

Pareço quem sabe louco, que me diga,
não me importo, oportuno é deixar claro…
O que é claro como o vidro dos meus óculos:
Sua beleza que enxergo, sem exageiro dos quatro olhos