Tem gente que pergunta
porque eu não escrevo em prosa
se o meu estilo de poema
é quase uma conversa contínua
E eu continuo respondendo
que a escolha não foi minha.
A poesia me domina completamente.
É o meu pensamento que já flui rimando,
na minha fala, se der bobeira,
vai no ritmo do poema
essa cadência melódica
no meio do verso
Eu não me obrigo pela rima
no final de nada, esperada
se acontecer, se rolar
eu não percebi
Eu vivo assim: Deixando a palavra,
levado pelo nada da palavra
sem causa pensada…
É que a prosa tem outros recursos,
tem que amarrar nas linhas,
tem que pontuar as vias,
criando estrada, meio de transporte
corrido para a arte
Na poesia, não
eu me esparramo,
eu me espreguiço,
estou solto e vívido
Na poesia eu amo com mais intensidade,
carrego doce e sutil para a surpresa,
a dor e a delicadeza em seus extremos
Sou enfermo desse momento
de febre poética
e não desejo a cura,
não desejo sobreviver
Deixa eu partir com o poema
que ele está perto do fim
por enquanto…