O bar do arrependido

Eu posso não dizer,
não ter coragem para tanto,
mas esse meu pranto deixa
prevalecer o encanto
que sinto por você.

Posso, e nem quero, e nem tento, me entregar
a você, pois meu ser é orgulhoso
para demonstrar os arrependimentos desse doido.

Talvez esse tenha sido o meu mal,
ter agido com um animal, sei que te feriu por dentro
mas há todo momento a ferida arde em mim.

Sou assim, fazer o quê
fazer o quê se sou assim,
mas se passar por aqui
não tenha dó de mim
eu fiz coisa pior
e sei que machucou.

Por isso vivo trancado aqui,
amargurado, sim
calado, sim
e nada de amor pra mim
por um bom tempo…

Deixe cicatrizar, deixe fechar
o corte da canalhice que fiz,
por isso bebo tudo que puder
vodca, cerveja, licor
tudo pra esquecer esse amor
que arranhei, joguei fora a confiança
depositado em mim.

por isso fico preso aqui dia e noite,
num bar mofado, velho e mal terminado
conversando fiado e confidenciando
a um qualquer que nunca vi
as tolices que cometi.

Copo de Vinho

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Banho quente, relaxante, desconcertante,
pensando em você a cada instante,
saio da banheira agora congelante,
passo o desodorante e o roupão,
visto sem emoção, desço a escada,
fico parada, aludida e iludida
em bebida alcoólica mal diluída
na alma e no coração de uma moça
que não tinha a intenção de negar o amor
de ninguém, mas você se decidiu,
não se dividiu comigo e não quis divisão.

Ao som de piano e de música lenta
sinto-me sedenta de um whisky forte,
que me deixe com coragem e decidida
a dar um novo rumo em minha vida
e a não depender do homem que por anos amei,
porém, agora chorei, por falta de compreensão.

Mas eu não vou me entregar a perdição
do coração doído, vou beber mais um licor bem batido
e com energia recarregada vou procurar um novo amor.

A viagem do andarilho

Não, não diga nada
o seu silêncio é perfeito.
Não, não abra a boca,
eu quero caminhar
em ilusões e novos desejos.

Não, não faça gestos,
eu quero você parada
para reparar no seu corpo inteiro.

Mas não, não chora
estou indo,
mas logo venho embora
e não, não me siga
eu não vou conseguir dizer
que você não pode vir comigo,
posso não estar chorando agora
mas minha alma agoniza…

O esquecido

Ouça o ódio que eu canto
veja o terror em cada canto
eu não vou te dar descanso
quero que derrame sangue seu
que jorre terror no breu
e que você trema de medo se possuir algo meu.

Não ouse me encarar nos olhos
se não quiser perder seus sonhos
porque no fundo da minha alma
não tem nenhuma criança sorrindo
há apenas um homem triste e sofrido.

Não venha tentar me amar
eu já fui jogado às trevas
nem tente me resgatar
porque é aqui que eu quero ficar.

Não me venha com desculpas
eu não escolhi esse caminho
mas você me deixou sozinho
quando eu mais precisei de carinho.

Agora que não tem mais jeito
eu vou morrendo aos poucos
vou ficando cada dia mais ansioso
pelo dia da morte solitária
já que não existe mais ninguém
que me amarra a essa vida amarga.