Código secreto

Seu nome virou login na rede social,
as iniciais, senha do cartão de crédito…
É mérito dos apaixonados,
dica de e-mail é a data do seu aniversário…

Preencho formulários com o apelido
que eu mesmo invento pra você em segredo,
coisa de um desejo não contado
capaz de desvendar a minha vida

Seus gostos abrem as portas
para a minha individualidade,
procurando, sozinho, com você,
a minha própria intimidade

Guardo o dia do nosso encontro,
sei a hora que você chegou…
Eu não sabia que valeria tudo isso,
mas algo me dizia, a intuição anotou

E a cor dos seus olhos é a minha preferida,
o tom de sua pele eu uso nos simuladores de vida
tentando juntar a minha com a sua na partida

E ali ao menos desejo muitas vidas
porque entre um jogo e outro,
eu quero você ao meu lado
mesmo em fantasia…

Como quem não quer nada

E aí você vem como quem não quer nada
e toma tudo de mim, sem pedir permissão…
E eu que gostava de ter tudo sob controle
perco a direção sem perder a calma,
também sem agitação

E como quem não quer nada, você me tem todo
e eu que achava não possuir nada de valor,
entrego tudo o que eu tenho, buscando
ainda mais para oferecer

E eu que achava que você não queria nada,
tomou o todo de mim, aí que eu fui acordar
pra vida, sabendo que você arquitetou tudo
procurando no nada a saída sem falar de despedida,
apenas buscando a entrada da minha vida

Render homenagem

Choro enlouquecidamente
quando entrego um poema a alguém,
é mais que render homenagem,
bem mais que isso

Choro porque doo parte de mim,
daquele sentimento que transborda,
que não apenas passa pelos olhos,
ganha vida e forma, e vontade própria

Das poesias que entreguei,
eu não me recordo das palavras
porque elas não importam tanto
quando se coloca no outro o pranto,
incentiva a alma do outro ao diálogo
por olhares e gestos que atravessam
o concreto, o palpável das palavras

Rendo homenagens para ir além
de me desarmar e romper o desamor
de um amigo, um amor, um doce de pessoa,
da pessoa que é amiga e um doce de amor

Coloco-me sem medo de ser sem armadura
para despir o outro de armadura,
coloco-me sem arma alguma para curar
o outro com as ataduras da palavra

Segue Comigo

Para professora Vania Bernardo da disciplina de Linguística I do curso de Licenciatura em Letras/Literaturas, Instituto Federal Fluminense, primeiro período letivo de 2013.
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Eu tenho uma meta de vida que Deus guia
põe a Mão por cima e diz: Segue,
sua luta Eu acompanho,
você faz parte do Meu rebanho,
Vou proteger o meu amado filho
porque ele tem sido digno de proteção

Luta, segue adiante, não desanima,
Estou na frente, protejo você
de quem não quer nada,
sua vitória está selada
porque Eu vejo seus passos

Sei que seus atos condizem
com Meu desejo, aceito
que você descanse em meus braços
porque apesar de não ser feito de aço
coloca-se na frente quando Eu convoco

Filho amado, comigo siga,
agradeça pela vida e pelo coração,
vou segurar na sua mão, e se preciso for
Eu pego você no colo
porque enquanto perceber que você
diz: Oro com convicção, Eu sei,
no fundo só Eu sei,
a que Rei você recorre!

Para todos os meus amores

De todos os meus amores
por tantas pessoas
de todos os meus amores
por todos vocês
de todos os meus amores
evoco um a um

Na mítica da paixão
que nada explica, nada
coisa alguma define

Vocês não conhecem
a multiplicidade do amor!
Simultâneo sim, meus amores
todos os meus amores

Cada carinha carrega
a pétala, primavera
do meu coração

Querer bem não é uma escolha
por momento algum foi…
Todos os amores meus
não cabem em um, jamais

Utopia é acreditar
que mil e uma formas de amor
vão se concentrar em um ser,
desculpa, mas não dá

Pra ser multifacetado
com tantas variâncias de paixão…
Sou de um, sou por todos,
e para todos, único

Bem mais, paixão!

Só a paixão não basta
para ter você na minha estrada,
ela serve para o começo da jornada,
aos primeiros passos, e mais nada

Pra dividir o meu caminho
trilhar comigo no escuro
só a paixão não serve de escudo
para os atalhos perigosos

Se for comigo até a metade,
talvez pense em desistir, é verdade,
mas se tiver coragem de seguir em frente,
de cair e levantar por nós, cá pra nós,
tem outro sentido, é mais convincente

Convencer todo dia é coisa de mestre,
provar com argumentos no ato,
ser homem de fato, vem de poucos
esse interesse de reconquista,
de ser uma pessoa solícita
a uma pessoa só na vida,
mais que paixão, bem mais…

De graça

Não se esqueça que eu te amo de graça
por favor, não empata o que eu sinto
procurando algum motivo que complete
a minha boa vontade de estar aqui

Eu sei que é estranho dizer
que eu quero você sem explicação
não preciso de um motivo,
não sou nenhum fingido em solidão

Aceita que eu te quero por perto
eu não te venero por condição,
sei que todo mundo espera
a hora certa pra pedir uma paixão

Mas aí quando ela chega, puxa uma cadeira,
senta ao seu lado, não precisa tomar cuidado,
não sou ladrão, nem cantada eu faço

Não se esqueça que eu te amo de graça
não há nada que eu faça querendo algo em troca,
troca comigo apenas o que você sente no ato,
não busque nenhum lado, nem teoria

Se eu não me sentisse bem fazendo o que eu faço,
certamente não estaria ao seu lado sem obrigação
sou espontâneo de qualquer jeito,
a vida me deu esse defeito
de ser sincero de fábrica

Não procuro por nada, por nenhum crédito,
nem agora, nem depois, não propus em momento algum
uma dívida com você

Eu te amo de graça, não se esqueça,
o que quer que aconteça, eu não te cobro
de nenhuma maneira, sob nenhum modo
vou doar o que eu puder, me desprender, sim

Não te dou nada rasgado, remendo não é coisa minha,
sentimento puro e embrulhado pra você abrir a caixinha
é um presente selado, não tem preço, mesmo,
não é mercadoria

Eu te amo de graça e não tem nada,
absolutamente nada que você precise trocar
aqui está a dose perfeita, a forma perfeita
pra você utilizar sem validade

Separados

O bem e o mal não existem
por que vocês insistem
nesses dois polos?

Sorte ou azar,
vida ou morte
já não dá mais
para acreditar
em duas metades

Chega de dividir
o amor não é assim,
não dá pra separar

Quem inventou o corte
desferiu um golpe ao todo
acreditando que a manipulação
evidente convenceria até os
descrentes dessa ficção

Por que aceitar apenas
um lado dos fatos
se os atos são um só?

Quem colheu para o bem?
quem plantou para o mal?
Quem recebeu o sinal
de um dos lados?

Há escolha, por quê?
Por que temos que defender
um lado da razão?

Poupem-se de batalhas mentais
isso não dá mais pra acontecer
é pedir pra permanecer parado
quando o mundo de fato já não
pede mais um vencedor

Nunca houve nenhum derrotado, por favor!
Não busquem condenados, esse jogo acabou!
Não teimem em metades que se completam
quem foi que separou?

Junta de novo, retorna à totalidade
não existe maldade nem o inverso
não precisam abrir mão de uma coisa ou d’outra
que coisa louca, viver não cabe na caixa da mente,
chega de guardar tudo em recortes, acordem!

Vazio

Eu sei o quanto de bem eu já fiz
não, eu não quis nada em troca,
nenhuma barganha se cobra
por agir assim

Vem de mim, daquilo que persigo, o amor,
e não adianta me pedir por favor
sendo essa uma questão minha, simpatia

Não preciso apelar para mandingas
sei também a hora da partida,
entendo que acabou

Vai fundo, eu sei
sentimento não se mata em um segundo
é a lei de quem sabe o vício
de se apaixonar por tudo, pela vida

Não me encanto com tudo,
romântico absoluto
sabe muito bem as pegadinhas,
armadilhas da com(paixão)

Vou embora de cabeça erguida,
não me procure mais
bancando a esquecida

Fecho a porta na saída
e não olho pra trás

Satisfez o meu caminho,
sei há muito que iniciei sozinho
essa jornada do vazio sem explicação

Olhares procedentes

Atividade sobre parônimos para o curso de Licenciatura em Letras/Literaturas Portuguesas do Instituto Federal Fluminense – Leitura e Produção Textual I, primeiro semestre de 2013.

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Soou em meu ouvido seu desejo esbaforido
suou espavorido, delatando a paixão,
os nossos corações dilatados,
retificando o tempo perdido,
ratificando o que sempre foi vivo;

Hoje diferimos a amizade da paixão,
deferindo o nosso instinto,
fruto proibido de outros tempos

Sortir os nossos sentires
para surtir em nossas vidas
a concretude daquilo que um dia
foi partida

Olhares precedentes mostraram finalmente
que realmente eram procedentes, não apenas imaginação!

Absolvidos agora estamos, depois de tantos,
tantos anos, absorvemos um a outro
numa tentativa de ascender ao clímax,
sabendo muito mais que rimas,
acender as luzes depois do clima
não bastaria para nos satisfazer

Meus versos
parônimos tão sinônimos
de um desejo antagônico
que nos move fixos na cama

Se ainda era incerta essa relação
insipiente do que é ser casal,
esse contato incipiente não deixa dúvida

Indefessos não somos mais, não agora,
já tão entendidos das entranhas de cada um
que nos revigora, permitidos de indefesas
Perdemos horas, oras

Cadeira onze

Nós nos encontramos no mesmo trajeto,
na mesma estrada nossos caminhos se cruzaram
Tomariam rumos diferentes indo ao mesmo lugar?

Vida que passa por mim e segue?
Que cegue os meus olhos e sequem as minhas lágrimas…
Se eu não cessar as minhas angústias e parar por você.

Que eu não fique pensando demais
se de mais a mais nas minhas andanças da mente
eu fui menos dono de mim do que eu queria

No banco da frente, cadeira onze
por longos instantes meu medo foi grande!
Era preciso que ele desembarcasse do meu peito

Eu precisava ter postura para não permitir
que você fosse sem saber o que sinto,
mesmo que não manifestasse ser recíproco

Mas o transporte em movimento
parecia querer parar meu coração
a medida que as horas corriam
e você não sabia que tinha meu coração

Da minha existência não sabia,
a paixão não tinha limite de velocidade,
eu sem alarde parecia caminhar sem destino…
Desconhecia que aquele rosto de menino multaria a razão!

Hora que voa, cresce o desespero,
com você de fato apenas poucos quilômetros rodados,
e tudo errado

Que trabalho para fazer a curva da timidez
e ter o retorno do seu sorriso em carisma,
contentamento…

Passado poucos segundos de susto
você não me deixou outra escolha
além de ultrapassar sem planos e de súbito,
as margens de um Rio sem afluente

Precisava mesmo era dessa atitude louca, sem cobrança,
sem taxa nem juros, apenas os breves segundos de impulso para a felicidade

E afinal de contas, a plataforma trinta e três me deu sorte,
o número onze subtraiu a solidão e da loucura, vinte e dois,
somei acima de tudo, amizade.

Maremoto da paixão

Maremoto da paixão
são as nossas línguas presas
nas águas de cada um
Você se afogando em mim
Eu pedindo que me salve-vida

Transtornado, sem fôlego
respiro o seu ar, terremoto
em nossos corações
Não tem escala, não tem limite,
quem assiste vê o nosso desespero

Eu quero todo o nosso apetite desabando,
minha alma desabafando
pelo tempo que espera a sua chegada

Vou rasgar o céu de sua boca queimando,
o desejo nos unindo e nos consumindo
fazendo perigo no mar, na terra e acima dela;
Vamos perder tudo, chorando de contentamento
sem nenhum momento pra pensar