Um dia caiu no chão, por sorte não quebrou. Coloquei no lugar, firme não ficou. Olhei com calma, rachou, trincou um pouco. O vaso mais caro e mais raro que já tive, balançou. Não por falta de cuidado, foi sem querer mesmo, passei correndo, sem atenção derrubei. Graças a Deus era firme, resistente, e não foi muito grave. Pelo menos não precisei recorrer a ninguém para recuperá-lo.
Tentei protegê-lo, e com mais calma passava por onde ele estava exposto, passou-se um tempo e eu já havia me conformado com aquela pequena rachadura. Então aconteceu de novo. Um sobrinho, criança brincando, mexe em tudo mesmo, e lá estava ele no chão, desta vez não por um descuido meu, por culpa de outra pessoa, porém, tornou a rachar.
Agora já estava ficando feio, já não me causava a mesma admiração de antes, e os seus mosaicos antigos, só via-se algumas partes, as outras, pelas falhas de cola, não se encaixavam mais com tanta perfeição.
Praticamente desisti daquele vaso, uma vez que, não alegrava tanto o ambiente. Aos poucos me desliguei dele, não havia mais uma obsessão.
Quando fui roubado esses dias, vi que a casa não estava revirada, não tinha aquela bagunça por todos os cômodos, só roubaram um dos meus vasos mais caros.
Acho que gostaram e se aproveitaram das rachaduras que fiz dele, e levaram. Sabia que eu estava desinteressado por toda aquela situação. Os outros colecionadores de preciosidades o invejavam, e nem sei mais onde ele está agora.
Foram as rachaduras, os conflitos e as intrigas que racharam nossa amizade, e com isso, fomos perdendo contato, até que outra pessoa levou ele de mim, e parece que ele quis ir, pois era mais valorizado na companhia de outra pessoa do que na minha, que nos primeiros conflitos não quis, com mais atenção, reparar o ocorrido.