Não é mágoa o incômodo aqui comigo,
não é dor, o que eu tenho vivido
não é sofrido, forçando a barra,
no berro, não é grito
Também não guardo calado
o que vem me consumindo,
e eu não faço desse incômodo
o que move o meu dia, a minha vida
é bem mais que esse tempo que me perco
parado tentando desvendar o que nem consigo
Cara a cara você sabe que meu olho
não tem o mesmo brilho, a minha risada
não tem o mesmo timbre do curtir da vida
Cara a cara você sabe onde a minha pele afundou,
você sabe onde está a ruga, a marca, o traço
novo que você fez tão bem, também, no plano físico
Cara a cara você descobre a lágrima presa por orgulho,
você sabe o quanto a represa guarda desse poço fundo,
você sabe o que me deixa amargurado, mas não admito…
Cara a cara, de cara lavada, você sabe porque tenho me esquecido,
porque eu tenho emudecido cada dia mais e porque eu não ligo.
Cara a cara você sabe qual é o incômodo que vem me destruindo.
A água que eu guardo aqui dentro é para não inundar mais você ainda
porque só eu sei o quanto já o afogaram desde que eu venho te seguindo,
só que das minhas águas você não bebe, não se limpa, nem se suja
porque cara a cara eu sou a água benta que vaza em desequilíbrio