I – 50
Merrequinha inflacionada
poucos mantimentos, quase nada,
quando você vê já foi embora,
basta minutos, sequer hora
II – 300
É começo de conversa do dinheirinho,
no mercado, ainda, o básico,
a metade da primeira necessidade
III – 800
É o cheiro do e no mínimo hipócrita,
não cabe defesa nem argumento,
se for ver bem, é mais linda manobra
do vintém
IV – 1.800
já não há tanto o que reclamar,
se souber aproveitar, bem que o aceitável,
conversa fiada, um chá, compras pequenas,
um mimo aqui, outro lá, bem de vez em quando,
calha de nomear ordernado
V – 3.000
E se me permite o comentário,
já dá pra começar um negócio simpleszinho
se a renda vier de um lucro bem administrado
VI – 6.000
Já se anuncia o empreendedor
com terno de segunda mão,
já tem cara de doutor,
ainda sem condição
VII – 15.000
Aqui a coisa muda,
se vislumbra pequenas economias
que, quem sabe um dia, será usufruto
da tranquilidade
VIII – 40.000
Já vem o capital itegralizado,
sociedade do comércio,
uma transição de requinte baixo nesses versos
IX – 80.000
É perfil do investidor de primeira ação
que pode abrir mão do hoje pelo amanhã
capital de visão
X – 150.000
É o ato dos pequenos fazendeiros
terra pequenina de rebanho,
pecuário dos sonhos,
da casa no subúrbio da praia
XI – 300.000
Já tem teor de importância,
apartamento distante do centro,
a filha já sonha com casamento,
apresentação social
XII – 800.000
Já vira prêmio de capitalização,
pra qualquer jogo de médio porte
que, com sorte, e muita sorte,
resgata um carro de pequeno porte
com laço de fita vermelha,
e mico de entrega no brinde
XIII – 2,5 milhões
Três meses fingidos de atuação,
supostamente trancafiados pela direção
de alguma emissora sensacionista
XIV – 5 milhões
Alguns órgãos ainda chamam de verba
para desviar dez por cento
pra conta de qualquer colega
por compra de voto
XV – 20 Milhões
É o primeiro passo de um orçamento
de uma mega empresa em expansão
que vende sonhos, mas cobra por ligação
XVI – 200 milhões
Já caminha pro aporte
descontrole de todo tamnho
são muitas mãos no mesmo cofre
XVII – 500 milhões
É a política pública mal feita
o cartel com a quadrilha de pilantras
que desde a planta do terreno já afunda
XVIII – 1 Bilhão
Orçamento geral de relevância
para doar casa popular aos montes
é a fábrica da cesta básica dos pobres
XIX – 30 Bilhões
Investimento do Governo Central
pelo aperto de mão em outro país,
já dá pra montar um circo decente
para os indecentes do País
XX – 500 Bilhões
É a obra pública bi-lateral
que já chama a atenção da mídia
internacional por alguns dias
XXI – 1 Trilhão
Majestosa pela própria natureza
és o gigante, colosso que ninguém domina
é a rima que ninguém entende
como pode tanta gente produzir tanto
e ver tanto não voltar pra gente?