Sete da manhã

Levanta a cabeça
o bar já fechou
são sete da manhã
o dia chegou

A vela da festa apagou
os brindes e brincadeiras
e os presentes alguém levou

São sete da manhã
você pegou no somo outra vez
é a sexta vez esse mês que você dormiu
bebeu demais, a pálpebra caiu
a cabeça inclinou, o mundo calou

A sensação de pesado
de fracasso perante a bebida
bebida bem servida
você falhou

Mão dominou as mãos
que a cada novo garçom
levantava a taça
agora está aí,
entregue às traças
de um mundo que deixou
na noite anterior

Caco(s) de vidro

Cacos de vidro
na cama, no chão
cacos de vidro
na palma da mão

Levei aos olhos
cacos de vidro
sem enxergar,
cacos de vidro,
fui me encontrar
em corpo, cortei
meu nariz, fiquei
sem fôlego

A caminhar com
cacos de vidro
tomei rios de
sangue ao cortar
minha boca,
já não podia
nem queria
falar da poça
que aos poucos surgia

Continuei com
cacos de vidro
desci à garganta,
cacos de vidro,
ajudei com mais
esse leve corte,
o rio a fluir

Um rio de sangue,
eu sou assim
uma arma letal
pra mim mesma

Busquei o seio na
esperança de que
nele encontrasse
ainda leite ou
qualquer líquido
que fosse antídoto
para o meu caco de vidro
o peito secou, rasgou

Pelo caco de vidro
eu já não tinha nem
força para chorar de dor,
minha alma se afogou
naquilo deforme que restou

Cacos de vidro
no meu ventre
um Caco morou
na minha barriga
agora não existia
nem uma vida que
outro dia me chutou

Caco de vidro
não se tornou copo
não vigorou
Caco de vidro
foi o que vi
quando o processo
terminou

E hoje me flagelo
com cacos de vidro
porque já não me tem
graça a vida
que nem nascida
caco de vidro virou

Cama, luxúria e poesia

Sexo, luxúria, esperma
calor, amor, abraços
corpos e mãos
cintura, doçura, paixão
beijos, poesia, língua
sucção, saliva, canção
nojeiras, explosão
esperma na bermuda
na vida de uma outra
doação

Em cama, a lama
do fervor, os lençóis brancos
brancos do teor
da sensação sublime de entrega
integração de corpos
entre travesseiros limpos
não tão lindos depois da tentação

Apenas um menino

Sou apenas um menino andando pela rua
apenas um menino buscando identidade
com a bermuda caindo e protestanto
acabo de obter maioridade

Sou apenas um menino em busca de atenção
que nos disfarces dos pircing’s e tatuagens
quer lhe abominar a imaginação

Sou apenas um menino, jovem demais
sou apenas um menino que pensa conhecer o mundo
mas não saio pra muito longe de minha casa jamais

Um amor das águas

Quando eu passava pela praia
na orla extensa e suja
que Deus não me iluda
não acreditei no que vi

Banhada, molhada
salgada, temperada
das águas saia
com um quase nada

Na beira-mar
olhar não deveria
hipnotizado estava
seu corpo me arrepia

Não consegui me mover
areia movediça
morena da marquinha
sua beleza alucina

Quando vi, você passou
tão longe de mim decepcionou
meus olhos salgados ficaram
quando você beijou seu protetor

Pedido de conversa

Ei vem aqui
senta aqui perto
me conta o que não está dando certo

Ei, vem aqui
confia em mim
não vou lhe fazer mau

Ei, sem medo
me conte seu segredo
vejo no seu olhar
o desasossego

Ei, fale,
não há problema
que falhe a fé

Ei, tenha pena de si mesmo
não é pecado ser imperfeito
mas me conte o seu problema

Coisa pequena, não se preocupe…

Macarrão com queijo

Gostoso e grudento
o molho, venenoso
que apetitoso, repeti

Se foi gafe levantar o garfo
mais e mais e mais uma vez
não quis saber

Conversavamos e comíamos
comíamos conversando
quando o grude por engano
sem perceber, o ousado e suculento
em seu seio quis um novo acompanhamento

E meus olhos indiscretos, focados em ti
o macarrão deixei esfriar e lhe aqueci de desejo
que esperta e avançada não retirou o alimento que comi

Avante

Avante

Revolta tola que me acompanha à toa
mas não foje da verdade, apesar de pouca

Vontade de quebrar com paus e pedras
Ver nascer uma nova civilização
e fazer justiça com as próprias mãos

Salvar o sistema do caos intelectual total

Avante jovens revolucionários,
aqueles que ainda não foram dominados,
lutemos contra essa compra de poder

Mudar é pagar pra ver,
viver é vencer,
conquistar o poder

Não é anarquia, fuga da fantasia
dessa república-monarquia

Asas II

Sobe sonho
alavanca estranho
para o alto em um segundo
meio mundo viajar

Adiante futuro
permita luz no escuro
sair daqui sem mais ver

Quem dera pudesse
o alvorecer renascer
vivenciar recomeço

Algo que reconheço
jamais desistir
levantar é não deixar
que pisem em ti

Cabeça erguida
coragem, admita
erro cometido
será vencido
até a nova batalha
ensinar uma nova lição

Asas

Eu quero voar
eu quero voar
eu quero…

Assim pra algum lugar
bem distante daqui
onde a música me acompanhe
faça as malas e me siga

Quero num jardim cantar
para as flores germinarem
eu quero voar
como um beija-flor
de flor em flor
quero voar

Eu quero voar
voar eu quero
as minhas asas
o vento trará
assim espero

Pelas paisagens
ao redor do mundo
China, Brasil, Unido
Japão eu quero visitar
a riqueza das Arábias roubar

Como um pássaro a voar
assim eu quero
voar, voar espero
para ter agilidade
e escapar do mundo

Voar, voar eu quero
para algum lugar fora de mim
talvez sonhar que tudo que eu vivo
a brisa nas minhas asas levará
antes que eu consiga acordar

Jaleco branco

Quero brincar de cientista
colocar sangue no vidrinho
e girá-lo olhando-o de frente

Quero juntar esperma e suor
colocar em fogo alto
e deixar queimar o amor

Quero juntar sujeiras e pele velha
congelar o passado da minha vida
tomando a coragem do futuro que se faz solução

Quero juntar futuras químicas na expectativa
de uma vida ainda melhor
usar jaleco branco para seguir em frente, limpo

Quero juntar experiências de outras pessoas
junto com meus conceitos de vida, a verdadeira ciência
e encontrar por acidente a fómula da felicidade

Dois corpos

Somos a tentação de pensamentos
que quando unidos para torná-los realidade
viajamos na tentação da carne sem mais saber
que os ponteiros do relógio rodam sem a gente vê
e quando nos damos conta já é anoitecer

Mas não ligamos, já que aqui estamos
deixa o prazer prevalecer
e se da nossa relação sair a nova geração
deixa que Deus sabe o que fazer
para que nossa vida seja abençoada
com esse novo presente do intenso amor
que brotou sem querer…

Passado melancólico

Sou a lágrima salgada nos seus seios a cair
Sou a tentação mesmo sabendo da desgraça de ser assim
Sou o doce aroma da sua pele cheirosa
que você dengosa, saboreia antes de dormir

Sou a paixão que dói no peito
o amor inabalável dos anos derradeiros
que você insiste em melancolia
relembrar as nossas fantasias juvenis

Sou a sensação de vazio a incomodar
o pensamento viajante que assola
sou motivo de insonia a te degastar
Sou a canção da novela ao deleitar
o seu coração triste a pulsar

Sou a emoção de um dia me ter de volta
ao satisfazer seus sonhos que não deixaram
de seduzir a sua mente,
mesmo quando nos separamos sem motivo decente

A misteriosa do véu

Minha musa
seduza e abusa
jovem semi-nua
com véu arranca suspiros
meus anseios são luxúria
de em teu seio formozura
derramar o meu sossego

Ganhou meu coração
a fixação dos seus beijos
mas me ignora
e agora?
como vou saciar desejos

E o que eu quero?
se o que eu quero você nao quer!

Você minha mulher em pensamento
feiticeira das areais no deserto
seu véu caiu em minha mente tão certo
que quando abri os olhos já não a vi por perto

E o que eu quero?
se o que eu quero você nao quer!

Comprou cada pedaço de mim
fugiu assim sem me dizer seu nome
qual é o homem que conseguirá viver desse jeito
com essa dor no peito
consome…

Porque o que eu quero
você não quis
homem infeliz
encantado e triste
nada existe sem ti

Sem exclusividade

Não sou exclusividade do Pai
quero você celebrando
comigo, louvando as bênçãos do Senhor

Não sou o privilegiado
não me cabe esse cargo
engana-se quando pensa
que Deus só está ao meu lado

Eu não sou exclusividade do Pai
Ele quer você junto também
Ele tem projetos em grupo
quer salvar o filho,
de qualquer jeito

Eu nao sou o único
a merecer as mãos
Ele quer segurar
na sua também
Ele te ama e sempre amará

Não tenha inveja de mim
se o procuro mais vezes
se pareço ter mais intimidade
Ele espera por você sem maldade

Casa do coração

Minha casa seu coração
meu quarto a eternidade
da combinação de pensamentos
entre nós dois

No nosso quarto, na cama quente
quando a gente se sente um só
quando o suor frio vem se manifestar
e logo depois nós dois a nos beijar
aumentamos a temperatura

Na cozinha entre panelas
entre comida fria eu lhe comia
sem pestanejar

Uma garfada como um prato de requinte
a se degustar, você minha rainha em nosso lar

Na varanda, quando não sobrou mais lugar limpo
eu pude lhe sujar mais uma vez,
a última talvez, que eu pude aguentar

Assim nos consumidos estreando cada cantinho
da nova conquista de casamento
recém-alimentado pelo vento
e aquecido pelo sol

Homem de aluguel

Não venha me dizer que não gosta
é pura, pura mentira
a sua cara não esconde o prazer
mas você ainda nega claramente o que se vê

Nós dois na beira da praia
a areia foi nossa cama
você dizendo que me ama
e agora nega?

Que história é essa
de na hora ser bom
mas que depois de tudo
não sente mais nada

Que história é essa
na hora eu te vejo suando frio
agora vem me desprezando, negando
todas e tantas outras aventuras?

Vou dizer o que você é:
uma tremenda puta, duas caras
não uma mulher

Você geme e xinga, diz que me quer
pra eu ir mais fundo, totalmente sem escrúpulos
você ama, dança coladinho, esfrega meu corpo
molha o meu membro, eu jorro gozo
depois você me descarta como um produto

absurdo!
Você quem procura
alguém me segura
porque eu não sou de ouvir desaforo
na próxima não adianta pedir socorro
porque eu vou acabar com tudo!

A ilusão de amar

Quero contar minhas veias
pra nao saber onde errei,
pra fugir desse mundo

Quero o silencio da morte
o frio da noite e maciez do véu
a cobrir meu corpo

Quero sangue jorrando
a vida partindo
sem choro, sem lamentar

Quero dormir, nunca mais acordar
Mas vivendo eternamente na ilusão
de que um dia, mesmo que sozinho,
pude te amar

Conexão d'alma

Abra a porta, me deixe entrar
sou eu quem lhe escreve
deixe a tinta molhada
ser a chave do seu coração

Quero abrir a tua alma
através da combinação
das palavras

Deixe que a caneta
toque a sua alma
rabisque muito mais que versos

Deixe-me transformar seu mundo
com as palavras sinceras vindas de mim
Palavras serão a conexão
entre você e o meu coração

Bala perdida

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Se eu morresse hoje, jovem com tanto a viver,
aposto que muitos iriam chorar, como típica imagem
na televisão a revelar um menino assassinado
por bala perdida, perdeu a vida enquanto bebia
na esquina, com os amigos, no bar

Por certo que a vida não tem preço
mas as imagens que venderiam
de minha família a se descabelar
pedindo justiça, eu não minto,
valeria muito pra quem ficar…

Se eu tiver sorte posso ser notícia-flexe
do jornal das nove a anunciar
um jovem foi baleado na noite dessa quarta
bala perdida, reflita, se uma vida
pode ser tirada assim tão repentina
pela marginalidade incontrolável
incontestável que passa por cima das autoridades

Paradoxos do coração

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Eu penso sem querer pensar
e lhe amo sem desejar todos os dias
A minha mania é sempre voltar
mesmo quando tudo me diz não volte lá

A culpa eu não tenho
culpe meu coração
por querer brigar com a razão

Se eu pudesse escolher
encontraria você por
apenas um dia e lhe esqueceria

Mas por que eu não faço isso?
porque eu amo e não admito
eu quero e não lhe digo
eu sonho mas insisto em acordar

Eu sei que você me faz bem quando juntos
mas eu entendo que não podemos ficar unidos
coração amigo e inimigo

Longe eu lhe quero
mas quando longe você está
desejo você bem perto

Alma abalada

Escuridão no quarto, a luz acesa
antes o que se conhecia na palma da mão
hoje se sente supresa, a presa da maldição

Seus medos e remorsos te assombram
enfraquecem os ossos, não você não está
a beira do colapso nervoso
mas a parede das veias explodem aos poucos

Algo jorra, mas não é sangue
calma, não chore, são apenas momentos
infelizes que te amaldiçoam mais uma vez

Outra vez, mais uma
sua alma de espuma não suporta
antes que a porta feche
peça socorro antes que o demônio da mente
regresse e não te deixe escolher uma prece
para o seu último dia de vida

O juízo final depende da sua alma
a sua calma em momentos frios
vai decidir se seu corpo
mora eternamente à beira de um rio
ou a sete palmos do chão
num país frio….
seu coração…

Ana Carla

Ana Carla,

Claramente você muda o mundo,
Sua presença dissermina o escuro,
Uma Carla cala tudo,
As mentiras e absurdos que dizem por dizer.

Venho contar que você,
Ana planta em mim,
Algo que não sei dizer,
Pois que o sol só tem o mesmo brilho,
Quando claramente você aparece.

* Com carinho para o sol das manhãs.

*Amiga do CEFET Campos

Apogeu de um sentimento

Deixa eu sentir seu cheiro
quero sua lingua quente na minha orelha
ofegar seu nome, sussurrar besteira

Deixa eu possuir seu corpo
o calor do seu sufoco
a maciez da sua pele
que queima com o toque
das minhas suavez mãos a te alisar

Que eu te amo, não há novidade
que eu queira seu amor
nisso não vejo maldade

Só o fato de você não corresponder
ao meu desejo doentio de te querer devorar
eu imploro que os Deuses me deem um pouco
mais de sorte….

Um pouco mais de sorte
pra deixar de chorar seu nome
começar desejar de novo

Um sussurro ao pé do ouvido
calafrio num dia frio
amigos não mais
namoradinhos de fim de semana jamais

Quero o teor de um relacionamento maduro
que no escuro a vitalidade de outro corpo sem escrúpulos
me deixe sem graça, não pelo deslize do nervosismo,
mas pela ganancia e vontade de me ter sem medo
fazendo dessa noite nada mais que o poder sublime do amor inconciente